Caitlin Eshenroder, an Au Pair in Berlin.

2 de set. de 2013

Caitlin é de St. Louis, Missouri, e eu a conheci na Áustria. Ela morava em uma cidade chamada Ried im Innkreis e, quando ia visitar Viena, costumávamos nos encontrar para conversar nos parques da cidade. Após algum tempo  regressamos aos nossos países de origem e, naturalmente, perdemos um pouco de contato. O interesse em comum, as crianças, fez com que eu contatasse com a estadunidense, o que foi muito gratificante e inspirador, pois o rico material que ela me passou será compartilhado neste blog.  Atualmente ela é babá do programa Au Pair. .

AU PAIR: Programa de Intercâmbio com duração de um ano, para jovens de 18 até 28 anos. Sua obrigação é cuidar das crianças da família que lhe escolher. Além do jovem receber por isso, ainda tem a chance de fazer curso de idioma, dentre outras coisas. Também é muito importante levar jeito com crianças, claro.

Depoimento de Caitlin:
O que acha de mais fascinante em trabalhar com educação infantil?
Acredito que o mais fascinante de trabalhar com crianças é perceber o quanto eu, pessoalmente, fiz as coisas que eles fazem. Por exemplo, na minha infância, eu sempre tentava falar com minha mãe quando ela estava ao telefone e nunca podia me atender imediatamente; mas agora estou na posição oposta e, finalmente, entendi o que minha mãe estava sempre a reclamar.

O que diria sobre o trabalho com crianças de um país diferente do seu?
Claro que durante a experiência há dificuldades, mas, geralmente, sinto que nessa família em particular é mais fácil, pois eles já tiveram 3 Au Pairs antes de mim, as quais também eram dos Estados Unidos. Com isso, as crianças demonstram ter uma influência norte-americana que facilita nossa convivência.

E quanto à comunicação?
Só falo inglês durante o trabalho. Admito que acho essa família muito interessante, pois o pai das crianças é meio alemão e meio russo; a mãe é russa e a família, ao todo, é judia ortodoxa. O casal se conheceu na Alemanha mas, na época, a mãe não falava o alemão e, por isso, a comunicação era feita em inglês.
Com a chegada das crianças, o pai passou a falar com eles em alemão e inglês; a mãe falava russo. Na escola, que é Judaica, as crianças crescem estudando alemão e hebraico.
(Assim, os menores crescem estudando quatro idiomas: inglês, alemão, russo e hebraico).
Esclareço, ainda, que além de mim  há outra  Au Pair na família, e ela só fala russo com os pequenos.
Isso tudo os tornará  fluentes em idiomas e poderão sempre praticar línguas extras fora do alemão.

Como você interage com as crianças?
Berlim oferece diversas opções de lazer. Eu considero ter 5 filhos e todos adoram fazer algo diferente. Dentre eles há quatro meninos e a mais nova é uma menina. Dois dos rapazes amam jogar futebol, por isso eu os acompanho até os parques. Os mais velhos gostam de estar ao ar livre e andar de bicicleta. A menina, que é a mais nova de todos, gosta de esportes e também de estar lidando na cozinha. Todos são muito ativos, mas, de vez em quando também aceitam ir ao cinema.

Cite curiosidade das crianças quanto ao seu país, cultura, idioma...
Acredito que eles já não estejam tão interessados em me fazer perguntas da mesma forma que estiveram quando receberam a primeira Au Pair dos Estados Unidos. Porém, de vez em quando eles questionam sobre de onde venho. Além disso, há algo muito importante que faço que é mantê-los envolvidos à trocar questionamentos e, cada vez mais despertar suas curiosidades. Por exemplo, se começo a falar sobre o que os norte americanos gostam, algo banal como comer manteiga de amendoim e geléia, peço para que eles como crianças judias/russas/alemãs, me contem o que gostam; o que acham de suas culturas. Definitivamente, tento compartilhar minha vida e, ao mesmo tempo, passo a me educar através de suas culturas. Especialmente quando se trata de suas tradições judaicas.


O que tem mudado em sua vida desde que começou este trabalho?
Essa experiência tem mudado minha vida. Honestamente, essa família é incrivelmente única e sinto-me sortuda com uma bagagem cheia de cultura por estar com eles, sem contar que Berlim é uma cidade incrível!

Tenho uma visão diferente agora, sobre tudo. Acho que você somente vem apreciar a forma como seus pais a educaram a partir do momento  que tenha que passar para o lado da educadora. Apesar de saber que não sou a mãe verdadeira dessas crianças, me sinto muito ligada à elas e, assim como tenho bons dias, também tenho maus dias. Como toda criança, eles se descuidam, nem sempre pensam antes de falar e podem realmente ferir seus sentimentos. Com isso, você percebe que nunca se deu em conta como seus pais devem ter se sentido, até que você passa a sentir o mesmo que eles. Toda essa experiência me encheu de perspectiva e mais gratidão para com meus próprios pais, bem como me ensinou que tipo de mãe quero ser quando tiver minha própria família.


O pai Schlomo e a mãe Nadia autorizaram que eu fizesse esta publicação.
As crianças se chamam: David(13), Arje(11), Avraham(9), Miriam(5). 



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