Thais babysitting in MALTA

8 de set. de 2013





É a vez de sabermos o que Thais tem para compartilhar conosco. A psicóloga paulista mora em Malta, uma ilha pequena no Mediterrâneo.















Olá! Meu nome é Thaís Yamamoto, sou psicóloga formada e moro em Malta.Vou contar a vocês uma estória de sorte e amor.

Cheguei em Malta em Agosto de 2012 e, um dia, enquanto carregava o meu celular na Vodafone, vi um menino sentado no balcão da loja, repetindo frases sem parar. Ao lado dele havia um homem de meia idade conversando com a atendente. Ele dizia que precisava de uma babá e dava a descrição da vaga. Mais a noite, enquanto trabalhava por Paceville, vi o anúncio: Precisa-se de babá para o período noturno. Resolvi ligar. A chamada foi atendida por Mauro, o pai. Fizemos uma entrevista pelo telefone e outra a noite, pessoalmente. No dia seguinte recebi a notícia que começaria naquela mesma noite. E assim o Louis entrou na minha vida. Logo que vi o menino, pensei: Tem alguma coisa errada... Acho que ele é autista. Aquele modo de interagir com a TV não era “normal”. Mas como o pai não havia me falado nada, achei que talvez fosse coisa da minha cabeça. O pai me mostrou a casa, me apresentou ao menino e fez sala por 5 minutos, em seguida foi trabalhar, deixando seu filho de 6 anos sozinho em casa com uma estranha. Fiquei com receio, achei que ele fosse chorar, pedir pelo pai. Mas o menino estava vidrado na televisão e se quer me olhava. Louis é um fofo. Dócil, amável, lindo em todos os sentidos. Sua história é complicada. O pai chama-se Mauro e é maltês, mas nascido na Austrália, se não me engano. A mãe é da Lituânia e não reside em Malta. Se conheceram em uma balada que o pai trabalhava. Foram casados por 7 anos e estão em processo de separação. O pai relatou que no final de 2011 (ou começo de 2012, já não me recordo), a mãe sequestrou o menino e fugiu para Londres. Após 6 meses, o pai conseguiu o endereço de onde estavam e acionou a polícia. O menino foi trazido de volta (em meados de Maio/Junho de 2012), mas já havia perdido aquele ano letivo. Iria recomeçar as aulas em Setembro. A vida de Louis nunca foi fácil. O pai, gerente de balada, trabalha muito e praticamente não tem tempo livre, pois além de trabalhar a noite, durante o dia precisa voltar na balada para fazer o serviço de escritório. Além de muito ocupado, Mauro é excessivamente nervoso e explosivo! A mãe é ausente e, até então, não a conheci. Mauro mal visita sua mãe e sua irmã. O círculo é fechado entre Louis, Mauro e eu. Como moro em apartamento compartilhado, Louis sempre está em contato com meus amigos. Aos poucos fomos nos adaptando, nós três. O pai pegou confiança em mim, e eu em Louis. Quando comecei o trabalho de babá, Louis mal sabia segurar uma escova de dentes. Não sabia tomar banho sozinho ou vestir-se por conta própria. Sua habilidade motora era consideravelmente limitada e a comunicação quase nula. Após um ano como babá, psicóloga, amiga e quase mãe, é possível notar a diferença. Louis deu um salto incrível, dentro de suas limitações, claro. A cada dia eu descubro um novo mundo de possibilidades. É encantador e gratificante ver tão de perto o seu desenvolvimento, e o acompanhamento de profissionais juntamente ao trabalho contínuo da família são questões primordiais nesse aspecto. Hoje, vejo o quanto eu sou apegada a Louis. Tenho um amor imensurável por esse anjinho! E ao mesmo tempo me sinto aliviada por ele ter vindo parar “nas minhas mãos”. Já conseguimos trabalhar muitas questões de seu desenvolvimento e aprendizagem, mas ainda há muito a ser feito.

PS: Apesar das crianças aprenderem Maltês até os seis anos, Louis fala somente em inglês. O pequeno autista tem uma professora especial que o acompanha nas aulas.


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